sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tropa de Elite: Um reflexo de Durkheim

O filme lançado ainda recentemente, "Tropa de Elite 2- O inimigo agora é outro" produzido por José Padilha, aborda um assunto e retrata situações atuais que nos remete ao pensamento do filósofo-sociólogo Émile Durkheim do século XIX, que pode ser utilizado para analisarmos e compreender toda a abordagem do filme que se passa no Rio de Janeir e foca o funcionamento da instituição do Estado, o governo e o critica.
Assim será possível perceber alguns dos pontos falados por Durkheim, como: os Fatos Sociais, o que faz com que o indivíduo siga as regras da sociedade, o que o controla; nesse ponto têm-se as principais instituições de controle citadas pelo sociólogo, o Estado, a família, a religião e a educação, esses são os quatro principais pilares e no filme é focada a ação do sistema do governo e a corrupção de seus integrantes. As características dos fatos sociais são a Coerção Social, que é a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se com as regras impostas a ele pela sociedade na qual vive independente de sua vontade de escolha, pode ser percebida no filme pelo poder que a milícia e os políticos exercem na favela, ganhando propina em troca de deixar os traficantes e outros marginais impunes; essa coerção é feita de duas formas são elas as Sanções Legais e as Espontâneas, as legais são as prescritas pela sociedade, ou seja, as leis nas quais se define as infrações e se estabelece a penalidade correspondente, no filme ela meio que não funciona, pois é justamente esse um dos principais pontos de crítica da obra, apesar da existência das leis, elas nem sempre são aplicadas como, aos corruptos do filme que deveriam pagar por tantos delitos retratados neste, mas ainda há a cena da prisão de um dos deputados envolvidos no esquema de corrupçãp; já as espontâneas afloram como resposta a uma conduta considerada inadequada, como quando o personagem Diogo Fraga, defensor dos direitos humanos, recrimina a atitude do BOPE e de demais policiais quanto ao uso da força e repressão nos presos.
Mostra claramente também que os fatos sociais existem independentes de uma consciência individual e este se repete, chamado de Generalidade, como os fatos Normais e Patológicos; os normais são os crimes que não só no longa, mas como retrata uma realidade percebe-se que é necessário que estes aconteçam, pois precisam existir para que as leis, normas e as instituições de controle social possam existir também e tenham o porque, e no filme é mais do que notável a demonstração destes, como o roubo as armas da milícia, assassinato aos traficantes, policiais, políticos e demais civis; já os patológicos são transitórios, raros como epidemias e desastres naturais. Outros pontos, não menos importantes, é todo o cenário escolhido para o desenrolar da trama, uma favela de uma cidade desenvolvida e onde muitos desejariam morar também pela sua beleza e mostra a outra face da moeda, a desigualdade social, econômica e cultural que se passa não só lá mas em todo o território brasileiro e mundial, que tem um início e um desfecho intrigantes, como logo no início o Capitão Nascimento diz que ajudou a criar um sistema para engoli-lo e ao final diz que mesmo que muitos queram, tentem mudar e desfazer o sistema, esse sempre voltará pois está impregnado no ser e que é um ciclo vicioso onde a própria sociedade depende disso para movimentar-se.

Olga Medeiros.

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